segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mendel e as ervilhas

A teoria de Darwin sobre a selecção natural foi brilhante até onde pôde, mas logo chocou contra um obstáculo sério. Segundo as observações de Darwin, as características pessoais são passadas dos pais para filhos em medidas iguais: dessa maneira, uma mãe inteligente e um pai estúpido produziriam filhos de inteligência mediana. Isto colocou um problema para a selecção natural. Pois ainda que um indivíduo "superior" aparecesse numa dada espécie, essa característica superior seria gradualmente diluída através da reprodução. Mesmo Darwin ficou engasgado com isso, e em resposta modificou a sua teoria, incorporando a proposição de Lamark de que a forma de criação, assim como a natureza, deve guiar o desenvolvimento individual.
Darwin, entretanto, sugeriu que as mudanças evolutivas aconteciam gradualmente; essa hipótese foi provada falsa. William Bateson, na Inglaterra, e Hugo de Vries, na Holanda, descobriram que as espécies parecem evoluir em passos bruscos e descontínuos, chamados por de Vries, em 1900, por "mutações".
No mesmo ano, Vries deparou-se com alguns artigos publicados uma geração anterior pelo monge austríaco Gregor Mendel (1822-1884). Embora esse trabalho tivesse sido ignorado durante a sua vida, Mendel, trabalhando com simples pés de ervilhas, tinha levado a cabo a descoberta de leis da hereditariedade que revolucionariam a biologia e traçariam as bases da genética.
Durante sete anos, de 1856 a 1863, Mendel cruzou e produziu híbridos de plantas com características distintas - plantas altas com plantas anãs, ervilhas amarelas com ervilhas verdes e assim por diante. Ele observou com surpresa que tais características não são diluídas nem resultam em meio-termo, mas são mantidas distintas: o rebento híbrido de uma planta alta e de uma anã era sempre alto, não de tamanho médio.
Ervilhas amarelas cruzadas com ervilhas verdes produziam ervilhas amarelas em vez de
ervilhas verde-amareladas.
E, ainda mais interessante, quando Mendel cultivava os híbridos altos, a geração seguinte retinha as características distintivas encontradas nas plantas "avós": a maioria era alta, porém mais ou menos um quarto delas eram anãs. Da mesma forma, a terceira geração de plantas do cruzamento amarelo/verde eram 75 por cento amarelas e 25 por cento verdes.
Mendel logo deduziu a matemática por trás desse fenómeno. As plantas, tal como os mamíferos, têm dois "pais" e cada um aparentemente contribui com características (alta ou anã, amarela ou verde) para as gerações subsequentes. Portanto, embora a característica de tamanho pequeno possa desaparecer na segunda geração, ela vai aparecer em alguns indivíduos da terceira; desta forma, a segunda geração (híbridos altos) deve ainda conter "instruções" para produzir rebentos pequenos. De facto, tais instruções devem vir em pares, um par de cada pai, e um elemento do par é passado para cada rebento da terceira geração.

É realmente interessante pensar que enquanto todos matavam a cabeça a tentar descobrir os segredos da genética, um monge tenha feito este trabalho extraordinário trabalhando com ervilhas. Ainda mais vindo de um monge que normalmente deveria ir contra a ciência. O metodo que utilizou e surpreendentemente simples e eficaz. É pena que, como de costume, ele não tenha visto o seu trabalho valorizado.
Achei curiosa a ideia de a informação genetica vir em meio-termo...não percebo que se pensasse isso, enfim para isso o filho de um casal constituido por um pai com olhos castanho e uma mae com olhos azuis teria o que? olhos azul-acastanhados? ou um de cada cor?

Nenhum comentário: